terça-feira, 23 de junho de 2015

Resíduo do tratamento de água ajuda na recuperação de áreas degradadas

Antes de ser distribuída para a população, a água passa por um cuidadoso processo de limpeza pela Companhia de Saneamento Ambiental do Distrito Federal (Caesb). Além de purificar o líquido, algumas das estações de tratamento de água (ETA) de Brasília aproveitam os resíduos e impurezas resultantes do procedimento de limpeza para gerar uma espécie de lodo. Indicativo da sustentabilidade das políticas voltadas aos recursos hídricos em Brasília, o material é aproveitado para a recuperação ambiental de áreas de retirada de cascalho.

Por ano, cerca de 4,4 mil toneladas do resíduo são produzidas nas três ETAs do Distrito Federal: a Brasília (2.585), que fica no Plano Piloto; a Rio Descoberto (1.490), em Taguatinga; e Pipiripau (365), localizada em Planaltina.

Em cada uma delas, há uma unidade com maquinário para desidratar o lodo que é gerado durante a flotação ou a decantação — processos de separação das partículas presentes na água bruta —, de onde o resíduo sai quase totalmente líquido. A consistência mais sólida resultante facilita o transporte e a utilização do material.

Outra vantagem da desidratação do resíduo é o reuso dos recursos hídricos. Além de gerar um composto mais sólido, essa retirada de líquido do lodo devolve ao início do sistema de tratamento milhares de litros de água. Na ETA Brasília, por exemplo, este procedimento faz com que o índice de umidade do composto seja reduzido de 97% para 77%.

Reabastecimento
Na ETA Rio Descoberto, o resíduo tem composição 95% líquida, índice que cai para 70% após a desidratação. Com isso, de 240 a 260 litros de água são devolvidos ao sistema de tratamento, a cada segundo, o bastante para abastecer cerca de 60 mil pessoas. Maior estação de tratamento de água de Brasília, a ETA Rio Descoberto foi uma das primeiras do Brasil a fazer a desidratação do resíduo, em 1996, segundo o coordenador da unidade, José Ricardo Ramos.

As características do resíduo variam conforme a qualidade da água captada, o que pode mudar ao longo do ano. Com isso, há diferentes composições possíveis, que podem ser mais inorgânicas ou orgânicas. De toda forma, o produto conta sempre com uma elevada concentração de alumínio devido ao tipo de coagulante (substância química) utilizado no tratamento.

Recomposição
Segundo a superintendente de Produção de Água da Caesb, Tânia Baylão, cerca de 90% da água tratada pela companhia gera o lodo utilizado na recomposição de áreas de cascalheiras. “O tratamento adequado do resíduo faz com que ele não impacte o meio ambiente ou os mananciais”, observa.

De origem mineral, o cascalho é frequentemente utilizado na pavimentação de estradas de terra. A área de onde ele é retirado fica exposta, sem a cobertura vegetal nativa, o que acarreta na redução da biodiversidade e na erosão, no empobrecimento e na impermeabilização do solo. A recomposição das cascalheiras passa pelo licenciamento do Instituto Brasília Ambiental (Ibram).

Fonte:Agência Brasília/imagem:Gabriel Jabur

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