segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Weslian Roriz também é ficha suja

O instituto fundado pela candidata ao governo do Distrito Federal, Weslian Roriz (PSC), foi beneficiado pelo mesmo esquema que mais tarde patrocinou o mensalão do DEM, segundo o Tribunal de Contas do DF.

O Instituto Integra aparece na lista de irregularidades em contratos de informática da Codeplan (Companhia do Desenvolvimento do DF). Na época, a companhia estava sob a administração do governador Joaquim Roriz (2003-2006) e era presidida por Durval Barbosa.

Barbosa veio a ser o delator do mensalão do DEM. O caso envolve empresas também contempladas pelo esquema já no governo José Roberto Arruda (2007-2010). Essas empresas foram indiciadas pela Polícia Federal na operação Caixa de Pandora.

Segundo o delator e a CPI da Codeplan, a companhia de desenvolvimento foi o embrião do esquema do mensalão --possibilidade admitida pelo próprio Roriz.

Todas as "falhas graves" apuradas pelo tribunal no Instituto Integra são do período em que Weslian era presidente da ONG (2004-2006). O TCDF afirma que as facilidades obtidas pela ONG podem ser consideradas uma violação do princípio constitucional da impessoalidade, dada a relação do "casal 20" --slogan de Weslian na campanha ao governo após substituir o marido "ficha-suja" na disputa.

Segundo o tribunal, a ONG recebeu da Codeplan obras e equipamentos para montar laboratórios de informática para cegos, e o governo bancou os instrutores, sem a ONG ter comprovado que ofereceu os cursos. O governo pagou a manutenção dos computadores sem a organização oferecer de fato o programa de inclusão digital. Mesmo assim, o convênio foi renovado duas vezes.

A auditoria apontou também que os programas da ONG "Fábrica Minha Sopa" e "Cão Guia" não tinham relação com inclusão digital.

Não é possível saber quanto foi gasto pela Codeplan com a ONG. Não houve transferência direta de recursos e há quatro anos o governo não informa os valores gastos. Isso foi considerado mais uma irregularidade.

CARTÃO DE VISITAS
Usada na campanha como principal experiência da novata Weslian, a Integra contou ainda com outras facilidades no governo Roriz. A sala do instituto foi doada pelo governo e, segundo a auditoria, material de informática foi deixado para a ONG. Só para "adequar o ambiente", o governo gastou R$ 343 mil (em valores atualizados).

A procuradoria do tribunal afirma ainda que funcionário terceirizado do governo, que deveria trabalhar no maior hospital de Brasília, dava expediente na ONG de Weslian. Além disso, um decreto de Joaquim Roriz deu exclusividade para o instituto Integra capacitar cães-guia.

O processo no TCDF se arrasta desde 2006 porque dirigentes da Codeplan não compareceram às audiências. No período, a Codeplan também foi presidida pelo atual governador, Rogério Rosso (PMDB). Aliado de Weslian, ele não prestou as informações pedidas pelo tribunal.

OUTRO LADO
Weslian Roriz não se manifestou sobre as irregularidades identificadas pelo Tribunal de Contas do Distrito Federal na ONG Integra.


A Folha encaminhou na quinta-feira uma lista de perguntas para a assessoria da candidata, mas não obteve resposta.

A presidente do Integra, Lúcia Bittar, também não atendeu às ligações telefônicas daFolha. Segundo funcionários da ONG, ela está em viagem para o exterior.

Aliado de Weslian Roriz e ex-presidente da Codeplan, o governador Rogério Rosso (PMDB) afirmou que não poderia responder sobre irregularidades encontradas em governos anteriores ao seu.

 Por meio da assessoria, Rosso afirmou que não prestou informações ao Tribunal de Contas do DF, quando era da Codeplan, porque o órgão estava subordinado à Secretaria de Desenvolvimento Urbano do DF, e os contratos de informática não eram mais de sua responsabilidade.

Fonte: Folha de S. Paulo

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